[Python] Primeiras impressões


Bom, lendo meus últimos artigos, dá pra perceber que ultimamente andei brincando com Python. Fazia algum tempo que queria aprender esta linguagem, mas sempre rolava aquela preguiça básica. Há 3 semanas atrás tomei coragem, e comecei a programar.

Os motivos que me fizeram ficar interessado foram vários. Ouvi pela primeira vez falar de Python quando trabalhava no projeto AURORA, no CenPRA. Na época, a definição que me deram era que Python era uma ótima linguagem para integração de sistemas: uma espécie de cola. Depois li vários artigos que elogiavam a linguagem pela limpeza sintática e pela facilidade e velocidade de desenvolvimento de código. Além do mais, eu frequentemente preciso escrever alguns scripts para execução de tarefas cotidianas: a solução adotadas por outros desenvolvedores que trabalham comigo é Perl, que apesar de ser altamente poderosa, eu tenho sérios bloqueios com a sintaxe. No final, acabava optando por Java que pra pequenas tarefas cotidianas não é a mais adequada em geral, apesar de ser minha linguagem preferida e na qual tenho maior fluência. O argumento derradeiro foi saber que o Google utiliza muito Python…

O fato é que acabei começando a aprender, e devo dizer que gostei. A estratégia de aprendizagem foi simples: comecei programando algoritmos básicos de computação (merge sort, quicksort, selection sort, heap sort, lista ligada, fibonacci, fatorial), para exercitar comandos básicos da linguagem como recursão, chamada de funções, if-then-else, loops, declaracão de variáveis, manipulação de listas, dicionário, tuplas e outras estruturas de dados. Depois, comecei a usar Python para escrever scripts “real life”, ou seja, scripts que tinham alguma funcionalidade no meu dia a dia. Veio a calhar pois atualmente estou processando algumas dezenas de milhares de arquivos contendo dados genéticos, e preciso executar operações como leitura e escrita de arquivos, análise de textos utilizando expressões regulares e geração de relatórios simples.

Não sou expert na linguagem ainda. Longe disso. Apenas escrevi algumas centenas de linhas de código, e não utilizei todos os recursos disponíveis (como orientação a objeto), portanto as impressões que colocarei aqui são apenas preliminares…

De fato a linguagem é bem limpa sintaticamente, e bem fácil de escrever. A questão do uso de indentação para separação dos blocos, que é o motivo principal de reclamação das pessoas que não gostam de Python, não chega a ser um problema quando se tem um editor apropriado (no meu caso estou usando Emacs com Python Mode): o efeito colateral é que o código é naturalmente organizado e fácil de ler. A documentação, centralizada no site www.python.org, é bem feita, com tutoriais para vários níveis, referencias, livros e mini how-tos, além de listas de discussões bem ativas.

As listas, tuplas e dicionários (também conhecidos como hashes) são o grande forte da linguagem, que possui funções e recursos sintáticos muito poderosos para manipulação destas. Segundo artigos que li, a implementação de hash de Python é uma das mais eficientes que existe. As variáveis em Python são dinamicamente tipadas: não se declara tipo de uma variável, mas uma vez que se atribui um tipo de variável, não se pode atribuir outro tipo de objeto.

O processo de IO (leitura e escrita básica de dados em arquivo) é muito simples e eficiente, assim como a implementaçnao de regexp. O modo de uso deste último não é tão direto quanto Perl, e se assemelha muito ao modelo implementado por Java, com patterns e matchers. Não consegui encontrar nenhum artigo comparando a performance das duas linguagens nesse quesito, mas minha experiência atual mostra que não existe uma grande diferença de velocidade…algum dia verifico isso.

Um ponto que eu não gostei muito: o fato de que Python, ao contrário de Perl, Java, C, C++ e outras linguagens, não possui escopo de bloco para variáveis. Ou seja: variáveis declaradas dentro de um bloco for, if ou while são válidas e visíveis fora dele. O escopo de variáveis é função, módulo, objeto ou método. Também não gosto muito do fato de bastar atribuir um valor a uma variável que ela passa a existir: um modo strict semelhante ao Perl seria bem vindo.

Alguns pontos importantes restam a ser analisados e aprendidos, como orientação a objeto, reflection, organização de pacotes e uso de bibliotecas como processamento de XML, sockets, HTTP e acesso à base de dados. Isso fica para um próximo artigo.