O Governo da Alemanha quer competir com o Google. E daí?


A Alemanha está anunciando com muita fanfarra que está investindo 165 milhões de Euros, com aprovação pela União Européia, num novo sistema de tecnologia de busca. O projeto ambiciona ser o melhor sistema de busca multimídia da Internet.

Eu já até imagino algum alemão de cerveja na mão e umas três Wiener Würstchen espetadas no garfo, gritando “Ja, wir werden unsere selbe Suchtechnologie haben! Europe über alles!” com tanto orgulho que até eriça fios do bigode.

Enquanto alguns podem até ficar impressionados com o valor do investimento (165 milhões de euros, Dude!!!), eu fico impressionado que os governos - especialmente na Europa - ainda não aprenderam nenhuma lição com os fracassos anteriores.

Projetos de tecnologia têm uma natureza diferente, a qual praticamente impede que o governo possa tomar qualquer iniciativa para correr atrás, ou tentar competir com os líderes do mercado.

Aqui vai uma lição importante: dinheiro não é uma solução para resolver problemas em tecnologia. O fato da Europa ser rica o suficiente para poder destinar verbas consideráveis em ventures não é de serventia nenhuma.

Já se foram dois anos desde que a França anunciou um plano similar, O Quaero. Qual foi o impacto dessa iniciativa? Zero! E não precisa ser vidente para dizer que o impacto será o mesmo nos próximos dois anos, ou vinte.

Quanto maiores os avanços em tecnologia (algo que não tem ocorrido graças a esses “projetos” públicos) mais acessíveis são os produtos que dela resultam, e mais rápidos são os ciclos de desenvolvimento. Essa tendência é incompatível com a forma de trabalho de uma organização como o Governo. Esses mesmos projetos públicos são notoriamente conhecidos por sua lentidão, pela burocracia e pelo excesso de partes envolvidas querendo ditar o rumo do trabalho.

Projetos governamentais, pela sua própria natureza, sofrem da síndrome do design por comitê. Isso pode servir quando queremos ter um projeto que envolva tecnologias já consolidadas (como a Engenharia Aeronáutica e a Airbus, ou o padrão GSM de telefonia celular) e onde o interessante é ter um produto seguro e eficiente, mas jamais servirá para competir num ramo onde o que importa é ser o primeiro, ou ser o melhor.