Minhas primeiras impressões sobre o LaTeX


Por Rafael Naufal

Há um bom tempo eu já queria experimentar o LaTeX. Sempre ouvi falar muito bem dele, principalmente por amigos que fazem mestrado/doutorado. Quando comecei a fazer meu curso de pós-graduação em Engenharia de Software no ITA, sabia que este era o momento de experimentar esta ferramentatão poderosa . Não via a hora de dar um basta em Word e Open-Office.

E este momento chegou.

Para quem não conhece, o LaTeX é  construído sobre a ferramenta TeX, que permite aos autores de trabalhos acadêmicos obter alta qualidade tipográfica, criado por Leslie Lamport em meados da década de 80. O TeX é um software de tipografia desenvolvido por Donald Knuth na década de 70 para a edição de textos com ótima apresentação gráfica e qualidade tipográfica, principalmente com foco em fórmulas matemáticas. Knuth, na época, desenvolveu o TeX para escrever sua mais famosa coletânea de livros  The Art of Computer Programming, pois não encontrava um sistema tipográfico decente na época. Basicamente, o LaTeX  adiciona um conjunto de comandos no texto que definem como o sistema de processamento do TeX irá formatá-lo.

O texto em LaTeX é digitado com vários comandos inseridos, como se fosse um código em alguma linguagem de programação. Estes comandos definem o tipo da fonte, a formatação do texto, capítulos, seções, caracteres especiais, tamanhos de margem, etc. Isto torna o sistema diferente da metodologia WYSIWYG, em que o texto escrito é exatamente como ele será visto no resultado final do processamento. Apenas para constar, todo comando em se inicia com uma barra invertida (). Arquivos LaTeX são criados com a extensão .tex e o texto deve ser compilado, podendo ser em um arquivo binário de extensão DVI ou PDF. O fato de ter que compilar o texto pode representar uma quebra de paradigma para o editor do texto, mas o resultado final é muito bom, de alta qualidade tipográfica, como se o texto tivesse sido editado e diagramado em uma “editora”.

As grandes vantagens que vejo em utilizar o LATEX ao invés de um editor WYSIWYG comum, como o Word ou OpenOffice, são as seguintes:

  1. O LATEX, por meio das suas macros, permite que você defina como o texto deve ser apresentado e formatado, da mesma forma como o CSS trabalha com HTML/XHTML. A idéia é com que você se preocupe apenas com seu texto e não como ele deve ser formatado. Deixe esse trabalho para o TEX!!

  2. Fórmulas matemáticas, exibidas pelo LATEX, são extremamente elegantes.

  3. O LATEX gerencia toda e qualquer numeração de capítulos, seções, listas, figuras e tabelas, rodapés, etc. Quem nunca xingou o M$$ Word por causa de suas numerações e bullets sempre fora de lugar e com o famoso “Continuar com a numeração anterior”? :-)

  4. O TEX é portável e gratuito, isso quer dizer que funciona na maioria dos hardwares existentes.

  5. É possível informar ao LATEX bibliotecas adicionais para, por exemplo, especificar referências bibliográficas segundo uma norma vigente ( ex: NBR 6023). Um projeto interessante é o abnTEX.

  6. Não se preocupe com o layout, apenas com estrutura do documento!!

Como um rápido exemplo, teríamos a seguinte construção em LATEX:

\documentclass[a4paper]{article} \begin{document} Seu texto aqui.... \end{document}

O código acima define um arquivo LATEX mínimo, em que é definida a utilização da classe artigo em um papel de tamanho A4. Dentro das tags \begin{document} e \end{document} o texto deve ser digitado. Estas construções, ao serem compiladas pelo TEX e como opção gerarem um documento PDF, já produzem um resultado final excelente, bem diferente do Word.

Você pode encontrar boas referências sobre o pacote aqui e aqui. E deixo aqui um desafio: mesmo que seja fã do Word, tente criar um documento em LaTEX uma vez e veja o resultado final! Aposto que, depois, você não vai querer parar de escrever seus textos com ele!

Rafael Naufal é Engenheiro de Software, Mestrando pelo ITA e autor do blog http://rnaufal.livejournal.com